Reis, Cabo Frio, Cassimiro de Abreu, Duas Barras, Itaboraí,Mangaratiba, Paraty, Petrópolis, Quatis, Quissamã, Rio Claro, Rio de Janeiro, São Pedro da Aldeia, Santa Maria Madalena e Vassouras, nos quais foram encontrados um total de 34 grupos de Folias de Reis.

Durante a realização do inventário, foram encontradas algumas curiosidades relativas às folias no Estado do Rio, como exemplifica Ricardo Lima: "Tinha uns pressupostos que a pesquisa veio confirmar ou mudar, como 'a Folia de Reis é um universo essencialmente masculino', nós verificamos que a participação feminina é muito grande. Inicialmente, as mulheres começaram a ser introduzidas nas folias na figura da bandeireira, que conduz o estandarte ou a bandeira do grupo, mas hoje já vemos as mulheres tocando os instrumentos, com a participação mais ativa a ponto do palhaço, que sempre foi uma figura masculina, ser localizado pela pesquisa sendo representado por uma mulher em Duas Barras. Outro elemento que eu considero interessante é o ciclo, que tradicionalmente é do dia 24 de dezembro a 6 de janeiro, mas no Estado do Rio esse ciclo é estendido e vai até 20 de janeiro, Dia de São Sebastião. As folias cantam reis até o dia 6 de janeiro e nesse dia elas acrescentam na bandeira a figura de São Sebastião e saem cantando também a vida e o martírio de São Sebastião. Em alguns lugares, a folia se estende até 4 de fevereiro, Dia de Nossa Senhora das Candeias. Na Baixada Fluminense, que é um polo grande de folias, aparece algo também muito interessante. A Folia tem uma origem no catolicismo popular, nas crenças católicas do Brasil Colônia, que vieram junto com os portugueses, e, especialmente na Baixada, ela hoje é bastante sincrética com os cultos afro-brasileiros."

Além do inventário, o trabalho desenvolvido pelo Departamento Cultural da UERJ rendeu outros frutos, como a exposição "Máscaras", que inicialmente ocupou a Galeria Candido Portinari com as máscaras utilizadas pelos palhaços das folias durante as peregrinações às casas dos devotos e que, posteriormente, foi apresentada em cidades do interior do Rio de Janeiro, em São Paulo e também nas cidades italianas Roma, Nápoles e Piano di Sorrento, afora o projeto “Folias de Reis do Mundo Contemporâneo”, realizado em parceria com o Sesi de Itaperuna, no qual foram realizadas diversas atividades gratuitas, como a exposição, palestras, oficinas e apresentações culturais.

Folias de Reis: uma tradição secular

Trazida pelos jesuítas na época da colonização portuguesa, a Folia de Reis sofreu influências indígenas e africanas e é inspirada na jornada dos Reis Magos até o local de nascimento do menino Jesus. Com este enredo, das vésperas do Natal ao fim de janeiro, os foliões percorrem as casas rendendo louvor ao menino Jesus figurado nos presépios e encenando a peregrinação dos Reis Magos rumo a Belém e as peripécias de São José e da Virgem Maria para salvá-lo da tirania de Herodes.

Nesta tradição, os devotos se uniformizam e assumem personagens com funções e significados distintos, como mestre, líder do grupo; o contramestre, ajudante do mestre; os músicos; o bandeireiro e os palhaços, que utilizam máscaras, elementos marcantes que os caracterizam e personificam, produzidas com diversos tipos de materiais, formas e estilos e que se destacam também pelas cores vibrantes e alegres.

Na maior parte dos casos, as Folias de Reis se originam de promessas religiosas, feitas pelas pessoas aos Reis Magos. Ao alcançarem as graças, eles se propõem a formar um grupo de Folia de Reis que, uma vez constituído, deve atuar durante sete anos consecutivos, obrigatoriamente.