Um levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), da década passada, apontou que o baixo consumo de frutas e hortaliças é um dos 10 mais importantes fatores de risco de morte. Ainda segundo a entidade, cerca de 2,7 milhões de vidas poderiam ser poupadas, anualmente, se o consumo diário de frutas e hortaliças aumentasse para 400 gramas.

Para tentar reverter esse quadro, um projeto de pesquisa e de extensão coordenado pelas professoras Marta Citelli dos Reis, Josely Correa Koury e Roberta Fontanive Myahira

— do Departamento de Nutrição Básica e Experimental (DNBE), vinculado ao Instituto de Nutrição (INU) — vem estimulando a alimentação saudável junto a estudantes de uma escola da rede pública municipal de ensino da Capital. Com recursos financeiros da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), desde 2012, o projeto da UERJ vem auxiliando, com apoio dos pais e responsáveis, os alunos do Ginásio Experimental Olímpico (GEO) Juan Antonio Samaranch, em Santa Teresa, a comer de uma forma mais saudável e também sustentável por meio de

diferentes atividades pedagógicas de conscientização.

Uma equipe multidisciplinar e interinstitucional formada por sete professores, estudantes de graduação, pais e responsáveis e quatro horteloas (tratadoras de hortas) vem auxiliando estudantes de 11 a 15 anos na criação e na manutenção de uma horta didática e de uma cozinha experimental, onde são oferecidas oficinas como disciplinas eletivas do currículo escolar. Composta por 11 canteiros, a horta oferece, normalmente, diferentes variedades de ervas medicinais (cidreira, boldo e aspirina), folhosas (alface crespa, alface lisa, cebolinha, salsa, couve e manjericão), legumes (pimenta, beterraba, batata, tomate, jiló), entre outros alimentos.

O trabalho possibilita aos estudantes vivenciar ações de jardinagem e, também, atuar em todas as etapas do processo de produção dos alimentos, do plantio à colheita, incluindo as etapas de manejo, transplante de mudas orgânicas, semeadura e compostagem, sendo esta última uma técnica sustentável de produção de composto (adubo) a partir do reaproveitamento de material orgânico previamente decomposto (esterco, restos de alimentos, folhas, palha, entre outros) para a nutrição das plantas.

Pedro Henrique (14 anos) mora na comunidade Fallet/Fogueteiro, está no 8° ano do Ensino Fundamental e atua no projeto há quatro anos. Com o conhecimento adquirido, ele melhorou a alimentação de toda a família. “Aprendi a ter boa relação com as plantas, a evitar o desmatamento e, assim, preservar e melhorar o nosso planeta. Consegui passar tudo que aprendi e, por isso, minha mãe acabou fazendo uma horta em casa. Hoje eu me alimento muito melhor”, disse.

Já Thais Medeiros Peter Pires, estudante do 6° período de Nutrição da UERJ e bolsista do projeto, acredita que essa oportunidade irá contribuir para formação dela enquanto profissional da área da saúde. “Acho que vai ser de uma maneira muito positiva. Nunca tinha tido experiência com escola pública. Esse contato das crianças com a alimentação saudável tem um retorno incrível e elas adoram”, revelou.

Para a professora Marta Citelli dos Reis, tudo começou a partir de uma ideia antiga de desenvolver hortas comunitárias em terrenos baldios, que seria desenvolvida em Vila Isabel, mas acabou não se concretizando. Segundo ela, a mudança de foco e de público-alvo acabou sendo uma sugestão da professora Josely Correa Koury. “Aqui temos uma parceria muito boa com a direção e com a coordenação de saúde da escola. Sem esse apoio institucional, é muito difícil desenvolver as atividades”, explicou.

Polo de excelência

Situada entre os morros do Escondidinho, dos Prazeres, do Fallet e do Fogueteiro, a unidade de ensino funciona no antigo imóvel da Sociedade Civil de Divulgação Cultural Japonesa. Abandonada após a intensificação dos conflitos armados na região, o espaço foi adquirido pela Prefeitura do Rio com a proposta de desenvolver a formação educacional de jovens associada à prática de esporte. Inaugurada em 2011, o GEO conta com piscina, ginásio multiuso, auditório e um campo para diferentes práticas esportivas, tanto as modalidades tradicionais, quanto as especificamente olímpicas.

Em sua primeira exposição individual, o fotógrafo George Marabaia mostra ao público suas impressões sobre o universo indígena, em especial o infantil, na exposição “Vim Chorar Aqui”, que será inaugurada no dia 6 de junho, às 19 horas, na Galeria do Hall COART (Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação), no Centro Cultural da UERJ. Após 15 anos de trabalho com a imprensa, George fotografou algumas aldeias indígenas, entre elas a Aldeia Indígena Barra Velha, ou Mãe Terra, localizada na Bahia e a Aldeia Morro Branco, no Maranhão.

Os primeiros contatos com os povos indígenas aconteceram na Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, e, a partir dali, teve seu olhar guiado pelas risadas e brincadeiras infantis nas aldeias que visitou. Sobre a inspiração para o nome da exposição, o fotógrafo relembra uma reportagem

veiculada em maio deste ano pela British Broadcasting Corporation ("Corporação Britânica de Radiodifusão", mais conhecida pela sigla BBC), na qual uma indígena da tribo guarani-kaiowás deu a seguinte declaração, enquanto estava acampada em frente ao Ministério Justiça em um ato contra a revogação de demarcações de terras: "Vim chorar aqui para o ministro dar para nós nossas terras, onde papai e mamãe morreram, e eu quero voltar lá".

Sobre o futuro do projeto, George afirma: “Eu vou continuar fazendo esse trabalho ao longo da minha vida, não o sinto como terminado, porque o aprendizado nunca termina, porque além de ser trabalho é aprendizado. Estamos vivendo um momento político bem complicado, sempre vivemos momentos complicados em relação aos indígenas”.