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27 abril de 2015 • Ano XVII • Nº 705
Universidade homenageia a professora Dirce Côrtes Riedel
O dia 27 de abril marca o centenário de nascimento da professora Dirce Côrtes Riedel. Pelo seu trabalho e importância no contexto educacional brasileiro, a professora foi a personalidade escolhida para ser homenageada em 2015 pela UERJ com o Ano Dirce Côrtes Riedel, que começa na cerimônia marcada para o dia 27 de abril, às 11 horas, com o descerramento do painel dedicado a ela, localizado no hall do balcão de informações, na entrada do Pavilhão João Lyra Filho.
Dirce Côrtes Riedel nasceu em 27 de abril de 1915, na cidade do Rio de Janeiro. Seu pai foi o professor La-Fayette Côrtes, criador do Instituto La-Fayette, um colégio inovador, que foi o primeiro no Brasil a ter o jardim de infância, a receber filhos de pais desquitados, a instituir o ecumenismo e o primeiro internato a acolher alunos negros. Sua mãe, a também professora Alzira Lopes Côrtes, instituiu e dirigiu o Colégio Feminino do Instituto La-Fayette e foi uma das fundadoras da primeira escola da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Seguindo suas origens, Dirce trilhou o mesmo caminho e dedicou sua vida à educação.
Aos 17 anos, iniciou sua carreira como professora do curso primário do Instituto La-Fayette. Na década de 1930 começou sua trajetória no ensino superior como professora assistente da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras do Instituto La-Fayette, uma das quatro unidades que estiveram na origem da criação da UERJ. Na Universidade, Dirce Côrtes Riedel foi responsável pela criação do Mestrado em Literatura Brasileira e do Doutorado em Literatura Comparada. Sempre muito ativa, dedicava seu tempo às aulas que ministrava e também na organização e na participação de congressos, colóquios e seminários. Como escritora, deixou um conjunto de obras que se tornaram indispensáveis ao estudo da literatura.
O professor Ivo Barbieri, ex-Reitor da UERJ e atual Presidente da Casa de Leitura Dirce Côrtes Riedel, inaugurada pela Universidade em 2012, explica assim as influências, a personalidade e o legado da professora, com quem conviveu de perto: "Naquela época em que começou a sua carreira acadêmica, não havia pós-graduação institucionalizada, o professor estudava por sua própria conta, se formava, tinha sua biblioteca particular e depois fazia concurso para se tornar livre-docente. Esse foi o primeiro passo dela. Em 1957, como professora adjunta, ela fez o concurso público de títulos e provas, um ato acadêmico de muita importância. Naquele mesmo ano, ela apresentou a tese "O tempo no romance machadiano" e obteve a livre-docência. Continuou dando aula e mais tarde, em 1966, fez o concurso para professora titular, que na época se chamava professora catedrática, apresentando uma tese sobre Guimarães Rosa. Dirce Côrtes Riedel foi uma das pioneiras na Universidade no estudo de Guimarães Rosa e essa tese, intitulada "Aspectos da imagística de Guimarães Rosa", que não chegou a ser publicada, foi a primeira tese universitária no Brasil sobre Guimarães Rosa. Ela era muito avançada em tudo, no pensamento, na ideia e muito criativa".
Mesmo depois de se aposentar, a professora continuou suas atividades como pesquisadora na UERJ, coordenando os cursos de pós-graduação e criando outros. Foi uma pesquisadora até o fim da vida. Uma das suas frases recorrentes, lembrada nas homenagens ao seu centenário era: "Embora me decepcione com facilidade, tenho o delírio da utopia".
Cronologia
1915: A 27 de abril nasce, na cidade do Rio de Janeiro, Dirce Lopes Côrtes, filha do professor La-Fayette Côrtes de Lacerda (1887-1945), criativo educador da história brasileira, que fundou o
Instituto La-Fayette (mais tarde, em 1942, também Faculdade de Letras) e introduziu métodos inovadores em todos os níveis de ensino. Prima de Virgínia Côrtes de Lacerda (1903-1959),
crítica literária e pedagoga.
1931: Conclui o Curso Geral Superior no Instituto La-Fayette, apresentando a tese A harmonia musical e a sensibilidade humana. Torna-se professora do curso primário do Instituto La-Fayette,
Departamento Feminino
1932: Professora do Curso Geral Superior (extinto em 1938) do Instituto La-Fayette.
1936: Professora do Curso Secundário do Instituto La-Fayette.
1942: Professora Assistente de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Distrito Federal.
1943: Auxiliar da Direção-Geral do Instituto La-Fayette.
1946: Professora Assistente de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette. Orientação da Seção Didática da Livraria Editora Zélio Valverde.
1948: Professora do Colégio Mallet Soares.
1949: Professora do Curso Normal do Instituto La-Fayette.
1952: Professora do Colégio Pedro II.
1956: Bacharel em Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula. Professora do Curso Normal do Instituto de Educação.
1959: Publicação de O tempo no romance machadiano, pela Livraria São José.
Com o falecimento da Profª Virgínia Côrtes de Lacerda, assume a cadeira de Literatura Brasileira na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Distrito Federal.
1961: Apresentação de O mundo sonoro de Guimarães Rosa como tese de concurso para a Cátedra de Português e Literatura do Instituto de Educação do Rio de Janeiro.
1964-1966: Colunas Rodapé e Crítica, no Suplemento Dominical do Jornal do Commercio.
1968: Publicação de Literatura Brasileira em curso, pela Editora Bloch.
1970: Publicação de Literatura Portuguesa em curso, pela Editora Reper.
1971: Publicação do artigo "A busca da palavra poética", na Revista de Cultura Vozes.
1973: Publicação do ensaio "Proposições para a leitura de O risco do bordado", no livro Autores para vestibular, lançado pela Editora Vozes.
1974: Publicação de Metáfora, o espelho de Machado de Assis, pela Editora Francisco Alves, e de artigos no Suplemento Literário de Minas Gerais.
1975: Publicação de Leitura de Invenção de Orfeu, pela Editora Brasília; de edição didática do romance Quincas Borba, de Machado de Assis; e do ensaio "A crise do conceito de literatura no
surrealismo", nos Cadernos da PUC-Rio do 1º Encontro Nacional de Professores de Literatura.
1976-1981: Membro do Conselho Estadual de Cultura, em que coordenou a Revista Artefato (1978-9).
1977: Publicação do conto "Embutidos", em Ficção n. 20.
1980: Publicação de Meias-verdades no romance, pela Editora Achiamé.
1981: Criação e coordenação do Curso de Especialização em Literatura Brasileira do Instituto de Letras da UERJ. Participação no júri da 1ª Bienal Nestlé de Literatura (categoria romance).
1984: Publicação do ensaio "A reinvenção do novo: Lautréamont e Jorge de Lima", na revista Letra, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
1985: Publicação do ensaio "Saber e poder, a propósito da cátedra na universidade brasileira", na Revista Fórum Educacional, do Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação
Getúlio Vargas.
1986: Publicação dos ensaios "A escola na literatura", na Revista Fórum Educacional; "Aires, o Diabo e suas apostas", no Boletim Bibliográfico da Biblioteca Mário de Andrade; e
"Intérpretes e interpretantes" em Literatura brasileira: ensaios, crônica, teatro e crítica.
1986-1991: Diretora da revista Matraga, do Instituto de Letras da UERJ.
1987: A partir deste ano, promoveu cinco Colóquios, na UERJ, com a participação de professores brasileiros e estrangeiros, sendo as respectivas publicações realizadas pela editora Imago:
1987 - 1º Colóquio UERJ - "Narrativa: ficção e história", com publicação em 1988.
1988 - 2º Colóquio UERJ - "A interpretação", com publicação em 1990.
1988 - 3º Colóquio UERJ - "Sérgio Buarque de Holanda", com publicação em 1992.
1992 - 4º Colóquio UERJ - "América, descoberta ou invenção", com publicação ainda em 1992.
1994 - 5º Colóquio UERJ - "Erich Auerbach", com publicação ainda em 1994. Publicação do ensaio "O espetáculo descartável do (ir)racionalismo", na revista Matraga.
1988: Criação do Curso de Mestrado em Literatura Brasileira da UERJ, do qual foi coordenadora geral até 1992.
1989: Publicação do texto "A mal-amada de Lima Barreto", na Revista do Brasil.
1990: Título de Professora Emérita da UERJ. Publicação de Machado de Assis: a consciência do tempo, em Encontro com Machado, edição da Secretaria de Estado de Educação do
Rio de Janeiro, em comemoração ao sesquicentenário de nascimento de Machado de Assis.
1991: Publicação de O mundo de Machado de Assis, de Miécio Táti, para o qual a profª Dirce escreveu o prefácio. Publicação do ensaio "Virgília... Vigília - apropriação artística na ficção
machadiana", nos Anais do 2º Congresso ABRALIC - Literatura e Memória Cultural.
1992: Criação do Curso de Doutorado em Literatura Comparada da UERJ, no qual atuou como coordenadora geral.
1993: Criação e coordenação do Centro de Estudos Virgínia Côrtes de Lacerda.
1997: Publicação do ensaio "Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, tangências literárias ou o 'peixe medíocre'" na edição crítica de Triste fim de Policarpo Quaresma, coordenada por Antonio
Houaiss e Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo.
1998-1999: Concorre como candidata da Universidade do Estado do Rio de Janeiro ao prêmio Príncipe de Astúrias de Letras 1999, pelo conjunto de sua obra e intensidade de sua vida
    dedicada ao magistério e ao fortalecimento de instituições de ensino superior.
2003: Em 2 de janeiro, Dirce Côrtes Riedel falece no Rio de Janeiro. Publicação póstuma do seu artigo "Rubens Figueiredo: um crítico", na revista Matraga.
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