A UERJ não está normal, mas permanece VIVA!


Em poucos momentos da nossa história, vivemos uma instabilidade política, social, jurídica e econômica tão séria. A corrupção e a má gestão do erário, antes escondidas na expressão de cunho social comumente utilizada “todo mundo sabe” e malversada pela sua antagônica “eu não sabia”, afloram como realidades inconfundíveis.


Recebemos, todos os anos, no nosso Estado do Rio de Janeiro, milhões de turistas que retornam encantados aos seus estados ou países de origem, afirmando que tudo foi maravilhoso, que tudo estava normal.


Nossos visitantes que nos desculpem, mas não, NÃO ESTÁ NORMAL! Há pelo menos dois anos, muita coisa no Estado do Rio de Janeiro não está normal!


A luta para manter funcionando a nossa UERJ não pode se constituir em uma ilusão da normalidade para quem quer que seja.
Com muita dificuldade, no dia 10 de abril de 2017 conseguimos iniciar as aulas referentes ao segundo semestre de 2016.


Para tal, negociamos condições mínimas indispensáveis de manutenção de nossa Universidade relativas à limpeza, à segurança e à manutenção de elevadores com as empresas contratadas por meio de licitação pública.


Limpeza e segurança são indispensáveis em todas as 15 unidades da UERJ, enquanto a manutenção de elevadores se faz imperativa em nosso principal Campus (Maracanã), bem como em algumas unidades externas.


Progressivamente, também vêm sendo preenchidas as necessidades mínimas de jardineiros, roçadores, porteiros e outros serviços operacionais.


Decorridos mais de 60 dias do reinício das aulas, temos a absoluta convicção de que não podemos caracterizar como normal a nossa situação e, infelizmente, ainda estamos longe disso.


Apesar de ser do conhecimento de todos, é necessário notificar a comunidade universitária e a sociedade fluminense que:


(1) a empresa responsável pela limpeza no Campus Maracanã e em 13 unidades externas (exceto o Hospital Universitário Pedro Ernesto – HUPE, que tem contrato específico, quitado mensalmente por meio de arresto nas contas do governo determinadas pela Defensoria Pública), contratada por licitação pública em agosto de 2016, recebeu somente uma fatura relativa a fevereiro de 2017, estando todos os demais meses em aberto;


(2) o restaurante universitário está fechado
; a empresa contratada rescindiu o contrato por falta de pagamento; estamos ultimando os procedimentos necessários para a realização de nova licitação;


(3) a empresa que ganhou a licitação para a contratação de motoristas não quis assinar o contrato com a universidade;


(4) os servidores técnico-administrativos encontram-se em greve, e embora estejam mantidos os serviços essenciais, o funcionamento de setores importantes da universidade torna-se prejudicado;


(5) o Hospital Universitário Pedro Ernesto está funcionando com cerca de 200 dos 512 leitos que possui;


(6) o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ) não está funcionando completamente, haja vista a ausência do número total de inspetores (técnico-administrativos) necessários; similarmente, algumas outras unidades externas não vêm funcionando em sua plenitude;


(7) a falta de pagamento de salários e bolsas em dia (estão atrasados os meses de abril e maio de 2017, assim como o décimo terceiro salário de 2016), o que faz com que muitos servidores docentes e técnico-administrativos, assim como alunos, não possam comparecer diariamente à universidade.


No dia de hoje, fomos surpreendidos com o anúncio do pagamento integral do salário referente ao mês de maio de grande parte dos servidores, enquanto nas universidades estaduais os servidores receberão apenas R$ 700,00 ainda referente ao mês de abril, sem qualquer previsão para o restante. Isto é inadmissível!


Somos sabedores, certamente, dos muitos problemas em relação a essa situação, nas três categorias – estudantes, docentes e técnico-administrativos – e vimos lutando para que isso se normalize.


Não podemos deixar que esta drástica situação mate a nossa UERJ!


Apesar de toda a crise que vimos enfrentando, nossa universidade permanece com sua qualidade e prestígio. Somos a 5.ª universidade do país e a 11.ª da América Latina na classificação do Best Global Universities Ranking 2017 e isso não pode se perder. Precisamos manter a UERJ viva!


Não está normal! Nossa missão é continuar resistindo!


Nossa meta permanece a de oferecer um ensino de qualidade e público, com transparência e normalidade.


Os recursos devidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro aos fornecedores, bolsistas e servidores somavam em torno de 320 milhões de reais no início deste ano e se avolumam com o passar do tempo.


Quanto aos recursos para pesquisa vindos das agências de fomento, sabemos todos que estão escassos, mesmo os oriundos do Governo Federal, que também passa por grave crise política e econômica.


Em relação às universidades estaduais de muitos outros estados, tem sido divulgada situação de similaridade com a UERJ. Também as instituições federais vêm apresentando grande dificuldade em sua manutenção.


Estamos certos que a UERJ deve permanecer e permanecerá VIVA, exclusivamente pela importante luta de seus estudantes e servidores técnico-administrativos e docentes!


Somos uma comunidade de cerca de 50 mil pessoas, maior que a maioria dos municípios fluminenses – 27 mil alunos de graduação presencial; 7 mil alunos de educação a distância; 4,5 mil alunos de pós-graduação stricto sensu, mestrado e doutorado; 2,5 mil alunos de pós-graduação lato sensu, especialização; 1,1 mil alunos de educação básica (CAp-UERJ); 2,6 mil docentes; e 5,8 mil técnico-administrativos.


De fato, a UERJ não está normal! Nem se os salários forem integralmente pagos estará normal!


Normal é uma UERJ funcionando, com seus serviços sendo prestados e seus servidores e fornecedores pagos!


Normal é que a UERJ funcione, se estabilize, produza, melhore, desenvolva e permaneça VIVA!


VIVA a UERJ! UERJ VIVA!

 

Ruy Garcia Marques - Reitor

Maria Georgina Muniz Washington - Vice-Reitora

 

 



Notícia publicada em: 14/06/2017