Carta aberta do Conselho Universitário da UERJ


À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA E À POPULAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

 

“Uma fábula sobre quem e o que impede o reinício das aulas na UERJ...”

 

O Conselho Universitário da UERJ, reunido em sessão ordinária, no dia 3 de fevereiro de 2017 se vê no dever de, mais uma vez, explicitar à Comunidade Universitária e à População do Estado do Rio de Janeiro as razões que obrigam a Administração da UERJ, seus gestores e demais segmentos da comunidade universitária, a não iniciar as aulas referentes ao período letivo de 2016/2, neste início do ano de 2017.


Cabe ressaltar que a crise que assola a gestão do Estado do Rio de Janeiro já provocava, desde o ano de 2015, enormes prejuízos ao funcionamento da UERJ, bem como ao atendimento ao público pelos seus servidores.


No momento atual, a UERJ ainda vive as consequências dos prejuízos decorrentes dos dois últimos anos, e novos efeitos da crise se fazem sentir, de forma ampliada, em 2017.


Deste modo, o Conselho Universitário explicita que a desresponsabilização do Governo do Estado para com a nossa Universidade e os seus integrantes – servidores técnico-administrativos, docentes, estudantes e demais membros da população que a ela recorrem – tem se expressado das seguintes formas:


- Em julho de 2016, o governo do Estado do Rio de Janeiro, através de sua liderança na ALERJ, comprometeu-se com a UERJ a realizar repasses mensais regulares, embora significativamente reduzidos, para a manutenção de toda a nossa universidade. Isto não foi cumprido, a não ser, naquele momento, o pagamento equivalente a uma única parcela mensal.


- O não repasse, desde o ano de 2016 dos recursos financeiros para que a manutenção e a limpeza, em todos os Campi da UERJ, possam acontecer, efetiva e diariamente;


- O não pagamento da empresa de coleta de lixo, produzindo danos à saúde e insalubridade;


- O não pagamento da firma de manutenção dos elevadores, gerando a todos os seus usuários, risco à vida e insegurança;


- Ausência do pagamento da firma responsável pelo Restaurante Universitário, impedindo com isso a permanência de grande parte dos estudantes, para a realização de atividades de ensino, pesquisa, extensão e estágios;


- A incerteza na continuidade do pagamento dos trabalhadores terceirizados, em decorrência do não pagamento regular às firmas prestadoras de serviço;


- A manutenção e seus insumos, referentes à parte elétrica, hidráulica e de obras, em todos os Campi da Universidade, também se encontram extremamente precarizados;


- Outros insumos referentes a materiais de consumo, tais como papel, tonner, canetas e demais suprimentos necessários ao funcionamento de toda e qualquer instituição de ensino, também estão sem reposição por falta de verbas.


- O não pagamento regular de salários dos servidores e de bolsas estudantis e demais bolsas de pesquisa de apoio à pesquisa e aos pesquisadores, sem qualquer previsão de calendário para tanto;


- A não transferência de recursos da FAPERJ à UERJ, por meio de projetos de pesquisa e de auxílios e bolsas, o que vem impedindo, desde o início de 2015, o desenvolvimento e a continuidade de várias atividades de pós-graduação, pesquisa e inovação, mola propulsora de qualquer projeto de desenvolvimento para o Estado e para o País.


O ano de 2017, para a UERJ, portanto não pode ainda sequer começar desde à sua plenitude, às suas condições mínimas, tendo o quadro de precariedades impostas se agravado, ao atingir servidores e estudantes e a manutenção de nossa Instituição como um todo.


Apesar de tudo o que aqui fabulamos, e do apoio que a UERJ vem recebendo da população em geral, parece que o governo do Estado insiste em desconhecer a nossa História, que sempre se pautou na contribuição, de forma efetiva - pública, gratuita, inclusiva, democrática e de qualidade - para o desenvolvimento social, científico e tecnológico da população fluminense.

 



Notícia publicada em: 07/02/2017